Um mundo em mudança
Num mundo em acelerado processo de globalização e degradação ambiental, associado aos mecanismos da mundialização da economia e da cultura, tem emergido a consciencialização de que nos aproximamos de um ponto sem retorno e de viragem civilizacional. De facto, a presente situação é já definidora de um amplo quadro indicador de ameaças e perigos e de fragilidades e vulnerabilidades no sistema em curso, e onde as alterações induzidas pelo factor humano têm já começado a produzir efeitos que, cumulativamente, irão condicionar o futuro da humanidade e da vida no planeta. Porém, deste quadro iluminam-se também novos desafios e oportunidades.
A gestão dos recursos naturais
De entre um dos mais importantes e críticos desafios que a humanidade enfrenta hoje é a gestão dos recursos naturais. A gestão destes recursos depende da compreensão que a vida no planeta é sustentada por uma complexa rede de organismos, onde todos se encontram interligados e dependentes uns dos outros, e que tais organismos vivem e se multiplicam pelas condições favoráveis existentes nos respectivos habitats e ecossistemas, condições que a elas se adaptaram ao longo da evolução, e cuja resiliência depende criticamente das condições climáticas favoráveis e estáveis.
Há uma suposição generalizada das pessoas e suas comunidades, baseada em milhares de anos de desenvolvimento civilizacional, que os recursos naturais e a diversidade biológica são ilimitados; apesar de a história narrar casos isolados onde algumas comunidades, ou mesmo algumas civilizações, terem sofrido dramaticamente por terem irresponsavelmente ignorado a problemática associada à boa gestão desses recursos.
Porém, no actual processo de globalização o drama toma agora outros aspectos e dimensões, pois não se trata de casos isolados ou localmente restritos mas sim de todo o planeta visionado como um todo uno e indivisível. Noutra perspectiva, do que se trata agora é compreender que o tempo necessário para a efectividade dos mecanismos da evolução e da adaptação das espécies às novas realidades e condições é muito superior à velocidade da degradação ambiental em curso provocada pela humanidade, incluindo a disrupção ou mesmo total destruição dos habitats e ecossistemas, que são, conjuntamente com os outros recursos existentes, o suporte e o garante último da vida na Terra.
Educação para um futuro sustentável
A ideia de que podemos estar a atingir os limites da resistência está muito para além da nossa própria experiência e compreensão. Um passo importante para se abordar esta problemática está na educação das pessoas; uma educação que capacite as pessoas com informações válidas e que as motive a procurar e a implementar formas colectivas de alcançarmos um futuro sustentável, isto é, um espaço de paz, de prosperidade, de justiça, de segurança, vivendo-se com alegria e em harmonia com a natureza: um mundo mais saudável e onde a todos é esperado a realização de todo o seu potencial.
Num mundo actual em acelerado e ainda incontrolado aumento demográfico, a pressão sobre os recursos naturais irá crescer, tanto mais que os hábitos de consumo que mais e mais se generalizam apontam para um enorme aumento e demanda nos factores da cadeia de produção, transformação e comercialização dos produtos e serviços. Desta situação, é já universalmente compreendido e tomado que cada vez mais será importante e determinante as opções e as escolhas que cada um de nós irá fazer na esfera do consumo, envolvendo quer as pessoas quer as empresas. Quer isto dizer que em última análise serão estas escolhas que irão determinar a qualidade da nossa vida e o futuro do planeta.
O século 21
O CIDEA
O CIDEA enquadra-se nesta problemática e tem a sua origem na tomada de consciência da especificidade da importância e do papel que as espécies autóctones e seus respectivos habitats e ecossistemas de suporte têm para a preservação da bioesfera e para a vida do homem no planeta.
Assim, para além dos impactos adversos da degradação do meio ambiente, incluindo a desertificação, a seca, a degradação e destruição dos ecossistemas e habitats, a progressiva escassez de água doce e a perda da biodiversidade, o processo em curso e já observável das alterações climáticas irá exacerbar e somar à lista de perigos e desafios que a humanidade enfrenta, tanto mais que sendo as espécies autóctones aquelas que estão na base na agricultura milenar para a sobrevivência do homem enquanto espécie neste planeta se encontram, agora mais que nunca, sob a séria ameaça de não conseguirem fazer frente a estas ameaças.
O CIDEA nasceu na assunção de responsabilidades em se reunir num organismo de ciência os meios e os recursos, incluindo os recursos humanos, necessários para se realizarem acções que possam, de forma positiva e significativa, contribuir para a solução dos problemas que envolvem estas questões.
O sucesso do CIDEA depende da imaginação, da criatividade, do pensamento, da motivação e da capacidade de realizar trabalho de todas as pessoas envolvidas. Enquanto forma e modelo, o Centro mais não é que um instrumento que organiza, estrutura e dinamiza acções, e que capacita com meios e recursos. É nas pessoas, individualmente, que se encontram as forças e as energias.
Finalmente, uma palavra de apreço a todos os nossos parceiros e associados e, muito especialmente, a nossa gratidão para com os nossos apoiantes, entre eles, os mecenas.
Artur Jorge de Almeida
Director